14/05/2010

Vídeo: ambientalista encontra gorila após cinco anos

O milionário Damian Aspinall é ambientalista conhecido por seu trabalho de reintrodução de gorilas à vida selvagem. Por meio da Fundação Aspinall, ele cuida dos animais no parque de vida selvagem Howletts, na Inglaterra, e quando os especialistas avaliam que os gorilas estão prontos, eles são inseridos em uma reserva florestal no Gabão, um país do oeste da África.

O vídeo abaixo mostra o incrível e emocionante reencontro entre Aspinall e Kwibi, um gorila que ele criou no parque Howletts e que fora enviado ao Gabão em 2005. Em abril, Aspinall voltou ao Gabão para tentar encontrar Kwibi e, após várias horas chamando pelo animal, ele apareceu. Aspinall estava tenso pois Kwibi havia atacado duas pessoas há alguns anos e não era possível saber sua reação. O animal, no entanto, mostrou lembrar do criador e interagiu com ele de forma carinhosa. Kwibi comeu na mão de Aspinall, abraçou o ambientalista e trouxe sua família para ficar perto dele.

“Isso mostra que animal formidável é o gorila”, diz Aspinall. “Foi uma das maiores experiências da minha vida”



Fonte: http://colunas.epoca.globo.com/animal/

13/05/2010

Leishmaniose: UIPA denuncia

Prezados Associados e Colaboradores da UIPA, União Internacional Protetora dos Animais,

A UIPA ofereceu representação ao Ministério Público Federal, solicitando providências contra a matança de cães, como pretensa medida de controle da Leishmaniose.

Apresentando inúmeros argumentos e estudos, em um arrazoado de 63 laudas, a entidade contesta a tese defendida pelo Ministério da Saúde, que insiste em recomendar a morte de dezenas de milhares de cães, há décadas, sem respaldo científico algum, contra todas as evidências de que a eliminação de cães soropositivos em nada repercute na incidência da doença, que mantém-se elevada e em expansão pelo país, a despeito de toda a matança promovida.

Na oportunidade, a UIPA agradece à jornalista Regina Macedo, que colaborou na pesquisa de dados e seleção dos estudos apresentados.

Seguem alguns dos tópicos desenvolvidos na peça, elaborada pela presidente.

Em nome de pretensa medida de controle da Leishmaniose Visceral Americana ( LV), o Ministério da Saúde emprega a gravosa medida de eliminar a vida de dezenas de milhares de cães, sem ao menos conhecer a correlação entre a doença canina e a humana, a despeito da inexistência de estudos, ou experiências anteriores, que demonstrem a eficácia do método de eliminação de cães, ou que lhe dê algum suporte técnico-científico.

A elevação do número de casos da doença, que acarreta 2.700 (duas mil e setecentas) mortes anuais, e sua expansão pelo país, há mais de quatro décadas, denunciam a ineficiência da política baseada na matança de cães soropositivos.

Recente revisão sistemática solicitada pela OMS concluiu que o controle dos vetores e a vacinação de cães seriam mais eficazes do que o abate de cães, e que tal estratégia é cada vez mais debatida em razão da incidência da Leishmaniose humana manter-se elevada, inobstante a sua intensa aplicação.

A rapidez com que a população canina é reposta exige proporção e freqüência impraticáveis de eliminação de cães soropositivos.

O abate de cães ainda tem se prestado a disseminar a Leishmaniose, pois temendo pela vida de seus animais, muitos munícipes os conduzem a outros Municípios, ou os repõem com novos animais, colocados no mesmo espaço em que vivia o infectado, o que alastra a doença, torna a população canina mais jovem, implicando na maior suscetibilidade a diferentes doenças.

Em função dos imprecisos testes sorológicos, que chegam a acusar Leishmaniose em até 48% dos animais que não a possuem, dezenas de milhares de animais saudáveis são mortos.

Embasado em mais de 10 (dez) fatores, consultores da FUNASA recomendaram, em 2001, que a triagem sorológica de cães, seguida de eliminação, fosse suspensa.

O Ministério da Saúde desaprova a utilização das vacinas para as quais concedeu registro e autorização para a comercialização.

Ao não recomendar a prevenção da LV canina por vacina, e ainda vedar o seu tratamento, o Ministério da Saúde extingue caminhos alternativos à eutanásia, barra a resistência à sua aplicação, e a institui como a única alternativa possível ao controle da doença.

A eliminação de animais ainda se presta a desviar o verdadeiro foco da questão que é o combate ao vetor, o flebotomíneo responsável pela transmissão da doença. Segundo especialistas, a prioridade deveria ser dada ao controle de vetores, em vez da atual ênfase conferida ao controle de reservatórios caninos.

Outros reservatórios, provenientes de animais que vivem em proximidade com o homem no meio rural, podem ser fontes de infecção e atrair o mosquito, mas tal questão não recebe atenção alguma do órgão ministerial.

Embora a Leishmaniose seja uma doença diretamente relacionada à precariedade de condições sociais e sanitárias, o programa de controle da doença não abrange políticas públicas voltadas para a solução da grave desigualdade relativa a tais condições.

É ineficiente a promoção de medidas de vigilância e de educação em saúde.

Fatores relacionados à ausência de controle ambiental favorecem a proliferação da doença, mas não são atingidos pelo programa de controle da LV.

Inexiste razão para se vedar o tratamento canino com drogas de uso humano, uma vez que 100% dos tumores em cães, 80% das infecções e muitas outras enfermidades que os acometem, são tratadas com medicamento de uso humano.

É infundada a inferência de que o tratamento dos cães com Leishmaniose importa em risco de indução à seleção de cepas resistentes aos medicamentos disponíveis para o tratamento de humanos, pois há mais de uma década já se constata refratariedade ao tratamento com as drogas disponíveis.

O Ministério da Saúde não segue as normas internacionais de consulta à comunidade científica, como denuncia o especialista em saúde pública tropical Carlos Henrique Nery Costa, ex-consultor daquele órgão.

A recomendação do Ministério da Saúde para que sejam eliminados os cães soropositivos, expedidas às cegas, sem respaldo técnico algum, deriva do fato de que sempre foi essa a política adotada.

Mata-se animais pelo só fato de que sempre matou-se.

As autoridades sanitárias ainda batem-se pela manutenção do caduco método recomendado pelo 6º Informe Técnico da Organização Mundial de Saúde, de 1973, que indicava a captura seguida de eliminação de cães errantes para o controle da população canina e das zoonoses, não obstante tal política ter sido declarada ineficaz e impraticável pela OMS, desde 1992, quando editou o 8º Informe Técnico.

A problemática questão da superpopulação canina decorreu da insistência em manter uma superada política de saúde pública.

Em muitos Estados e Municípios, o Ministério Público e as entidades protetoras insurgiram-se contra a eliminação sistemática, que restou vedada por força de lei, de sentença, ou de celebração de TAC -termo de ajustamento de conduta-, sempre à revelia das autoridades sanitárias, que continuam a bater-se por sua aplicação.

O Poder Público prevê a possibilidade de infectação, e nada faz para impedi-la, omitindo-se de implantar procedimentos profiláticos eficazes, como o uso da coleira. Consente, dessa forma, na disseminação da doença canina para promover, ao final, a matança dos atingidos, conduta que desatende a obrigação, que lhe traçou a norma constitucional, de vedar as práticas que submetam animais à crueldade.

Saudações

Vanice T. Orlandi
Presidente
UIPA

12/05/2010

Extermínio de cães e gatos causa alerta em cidade do interior de SP

Suposto 'serial killer' seria o responsável por 35 mortes em um mês.
Em 2007, 50 animais foram mortos em Sales Oliveira

Emilio Sant'Anna
Do G1 SP, em Sales Oliveira

O último assassinato registrado em Sales Oliveira, no interior paulista, a 50 km de Ribeirão Preto, ocorreu há mais de dois anos. Desde o final de março, no entanto, um suposto “serial killer” age na cidade sem que a polícia tenha qualquer pista de sua identidade. Nesse período, o assassino já causou 35 mortes e deixou os pouco mais de 8 mil moradores do local em alerta. Suas vítimas: cães e gatos.

Pouco importa se eles são de rua ou têm donos. O “serial killer” não faz distinção. O único padrão é o veneno escolhido para causar as mortes: o carbamato, popularmente conhecido como chumbinho e que tem sua venda proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No último final de semana, dez animais foram mortos desta forma – o que gerou ainda mais tensão entre os moradores que têm animais em suas casas.

Os crimes chamam a atenção, mas esta não é a primeira vez que uma onda de mortes de animais acontece na cidade. Em 2007, 50 deles foram mortos e cerca de cem foram envenenados. Na época, a investigação da polícia local não conseguiu apontar o autor. “Desde que eu moro aqui (há 41 anos), já mataram mais de 50 dos meus gatos”, diz a aposentada Terezinha Aparecida Faiane, de 68 anos. “Agora, de uns dois meses pra cá, já mataram quatro.”

Entre a quinta-feira (6) e o sábado (8), a única veterinária da cidade atendeu cinco cachorros envenenados em sua clínica. “Todos tinham sido envenenados com chumbinho”, afirma Angélica Bezzan. “Atendi esses cinco porque os donos trouxeram rápido, mas a grande maioria nem cuida e deixa morrer na rua mesmo.”

Mais difícil do que a missão do único investigador da Polícia Civil de Sales Oliveira é não encontrar cachorros andando pelas ruas aos bandos. Muitos deles têm donos, mas são criados livremente. E essa pode ser a principal causa dos assassinatos. “A cidade é pequena e muitos moradores reclamam que os cães saem das casas”, diz Mirella Granville, ativista dos direitos dos animais. “Não temos uma contagem certa além desses 35 porque muitos morrem pelas ruas e a Vigilância Sanitária recolhe e leva para o lixão.”

Dentro de casa
Ela afirma que antes as mortes aconteciam durante a noite. Agora, os casos começaram a acontecer em plena luz do dia, dentro dos quintais das casas de Sales Oliveira. Assim foi com Cisca, uma vira-lata pequena e franzina que era criada ao lado de Roger, um cão da raça fila que escapou da morte por ser bem maior que sua companheira e por ter conseguido vomitar o veneno.

Há um mês, numa segunda-feira, às 16h, a cabeleireira Elita Rodrigues Melo, de 26 anos, estava na porta da cozinha de sua casa quando viu Cisca correr para o fundo do quintal. “Quando ela voltou já estava tonta, começou a babar e a se debater”, diz. “Olhei para o Roger e ele estava com os mesmos sintomas.”

Meia hora depois, foi a vez de Julinha, uma cadela basset hound, da vizinha de Elita começar a passar mal. “Dei falta dela e quando fui até a calçada ela estava lá morrendo”, conta a dona de Julinha, Fernanda Regia Lima Guim, de 35 anos.

Quatro dias depois, Pitoco, outro cachorro da vizinhança, também teve o mesmo fim. “Aconteceu do mesmo jeito da Julinha”, diz sua dona, Suzimara Cristina de Oliveira, de 17 anos.

Nenhuma delas fez boletim de ocorrência, o que leva os moradores de Sales de Oliveira a suspeitar que o número de mortes possa ser bem maior do que os 35 casos. “Não fiz o B.O. porque não ia dar em nada mesmo”, diz Fernanda. “A gente fica com medo porque ele joga o veneno dentro do quintal e uma criança pequena, como a minha, pode pegar e colocar na boca”, complementa Elita.

Apenas dois boletins de ocorrência foram registrados na delegacia neste ano apontando a morte de cachorros. Oficialmente a polícia só tem informações de quatro casos apontados por essas ocorrências. Quem os registrou foi a inspetora escolar Izilda de Jesus Correa, de 51 anos.

Acostumada a percorrer os açougues da cidade em busca de retalhos de carne para alimentar os cachorros de rua, e a “pendurar” no caderninho que mantém na farmácia remédios para sarna e machucados, no dia 27 de abril ela saía da escola quando encontrou os quatro cachorros mortos. Foi até sua casa buscar gelo para conservar os corpos dos animais e quando voltou a Vigilância Sanitária já tinha levado as carcaças para o aterro sanitário. “Fui até lá, no meio do lixo, peguei os corpos mandei para Franca para fazer a necropsia”, diz.

O resultado chegou poucos dias depois. O laudo é claro e aponta que os cães tinham em seus estômagos uma mistura de salsicha e chumbinho.

Problema público
Mirella afirma que foi preciso ir à prefeitura e reclamar para que os cães mortos parassem de ser levados para o aterro sanitário da cidade. “Isso não pode acontecer porque o chumbinho é altamente tóxico e leva cerca de três anos para se degradar no solo a céu aberto”, diz.

A ativista reclama da forma como a administração municipal vinha tratando do problema em que se transformou os cachorros soltos pelas ruas. “Não temos um centro de zoonoses, então a Vigilância Sanitária recolhia os cachorros da rua e afirmava que levava para uma fazenda em Franca”, diz ela.

Um lei estadual de 2008 criou a figura do “cão comunitário” – de acordo com a definição: aquele que estabelece com a comunidade em que vive laços de dependência e de manutenção, embora não possua responsável único e definido.

De acordo com a lei, o animal reconhecido como comunitário “será recolhido para fins de esterilização, registro e devolução à comunidade de origem, após identificação e assinatura de termo de compromisso de seu cuidador principal.”

Dessa forma, a vigilância sanitária da cidade não poderia recolher os cães e levá-los para outro local sem devolvê-los. Foi então que o problema começou, diz Mirella. “Reclamamos com a vigilância e eles pararam de recolher os animais. Pouco tempo depois, a matança começou”, revela a ativista. “Acho que existe uma orientação para isso, mas não sei de quem.”

Procurado pela reportagem, o prefeito de Sales Oliveira, João Jeremias Garcia Filho (PSDB) diz que os cachorros que eram recolhidos das ruas da cidade eram somente aqueles que podiam causar riscos aos moradores. “Casos de pessoas que são atacadas também acontecem”, diz ao seu lado, a nora do prefeito, Maria Luiza da Silva, que tem 14 cachorros e viu uma de suas cadelas ser morta no último mês. “Ela era uma mistura de rottweiler com pit bull, mas era muito mansa.”

Garcia Filho, que está em seu segundo mandato, se diz preocupado com a situação e afirma ter mandado um ofício para o delegado local “para que ele se empenhe em resolver essa situação que é um absurdo.” “O importante é que se pegue essa pessoa de uma vez por todas”, afirma o prefeito. “Mandei o ofício para o delegado para tentar prender esse cara, sem contar que é uma propaganda negativa da cidade.”

Até isso acontecer os moradores de Sales Oliveira continuam com medo e tratam de prender seus cães. Na casa da fonoaudióloga Christianne Roso da Silva Miotto, os três cães foram colocados dentro de um cercado improvisado numa área do quintal distante do muro. “Não deixo mais eles soltos no quintal de jeito nenhum e rezo bastante para que esse absurdo termine logo”, desabafa.

Fonte: G1